quarta-feira, 16 de março de 2011

paulzinho


A descrição desse blog é "mais blog que adora falar sobre comida e às vezes sobre outras coisas". Hoje não é dia de falar sobre comida, é dia de falar sobre outras coisas. Esse gato lindo da foto é o Paul, que hoje resolveu ir brincar no céu dos gatinhos. Paul tinha um pouco mais de 8 anos e caiu do 5o. andar, de um jeito que até agora eu não entendo, e que sei que não vou entender.

Não quero ficar naquele lenga lenga de filme de cachorrinho que morre no final e deixa todo mundo triste, mas o Paul era um gato tão incrível, que quis vir aqui contar um pouquinho dele.

Ele chegou em novas vidas com 6 meses de idade. Um gato vira-lata, assustado, meio medroso, mas que logo de cara já mostrou pra gente o quão carinhoso era. Assim que se ambientou, perdeu o medo e passou a ser folgado até, deitando, se esfregando e ronronando no colo de cada pessoa que fosse em casa e de quebra ainda deixando pêlos espalhados pelas roupas.

Paul também foi um dos sinais que me fez perceber que estava grávida pela primeira vez. De um dia para outro, o Paul simplesmente ficou alucinado pela minha barriga. Não podia me ver deitada, que logo deitava bem em cima dela. Ele ficou tão obcecado por ela, que às vezes tinha que até dar bronca nele, para ele sair de cima. E foi assim durante toda a gravidez, Paul sempre deitado na minha barriga, dormindo perto de mim, ficando o tempo todo atrás de mim. Tanto, que nunca me preocupei se o Paul aceitaria bem o bebê que estava chegando. Era claro que aceitaria.

E veio-se um bebê, que cresceu e começou a sentar. E que junto com isso, começou a puxar o rabo, os bigodes e até montar no Paul, achando que era um cavalo e não um gato. E Paul, com seu jeito paciente e carinhoso, nada de mal fazia, só continuava lá, deixando aquele bebê fazer dele literalmente gato e sapato.

E veio outro bebê, mais abusado, e que além daquilo tudo, ainda mordia o pobre coitado. Dessa vez Paul ficou  menos paciente, e passou a sair de perto quando o negócio ficava muito ruim pro lado dele. Ainda assim, não aguentava ficar muito tempo longe e logo voltava para virar saco de pancada (ou de mordida) de novo.

Anos depois, com bebês que viraram crianças, Paul demostrou estar carente, por mais carinho que ele sempre recebesse. Paul miava pra mim, de um jeito que eu nunca tinha visto.  E eu, consegui entende-lo e percebi que ele queria  um truta gatinho pra fazer companhia pra ele. E já que eu já tinha um Paul, eu fui atrás de um Simon.

Simon chegou e Paul não gostou. Mas aquele gato era mole demais mesmo, e em dois dias, Paul já tinha ganhado um amigo. Brincavam, se lambiam, dormiam juntos. Simon gostava tanto do Paul, que por muitas vezes, até o agarrava na hora de dormir (http://twitpic.com/3c1mij). Simon, abusado, achava que a ração era só dele e não deixava o Paul comer. E claro, Paulzinho mole do jeito que era, não se importava em esperar o Simon encher a pança, praí sim ir poder ir lá encher a dele.

E foi assim, sempre lindo, sempre nos entendendo de forma surpreendente, sempre demostrando o carinho que tinha por todos nós. Até que um dia ele resolveu pular, desse jeito que não dá pra entender como. Por poucos dias, Paulzinho sentiu muita dor. Mas mesmo com muita dor, Paul continuou o mesmo gato tranquilo e paciente, aceitando todos os cuidados que eram dados a ele. Mas agora, dor ele não sente mais. Um ser lindo como aquele não merecia sentir dor, então por isso, seguindo o fluxo de como sempre foi sua vida, ele foi pra outro lugar, onde a dor não existe mais e ele pode continuar sendo o velho gato de sempre: carinhoso, tranquilo, caçando seus mosquitinhos e dormindo preguiçoso em cima da estante. E esperando a próxima pessoa aparecer, para ele pular no colo, se esfregar, dar carinho e ronronar. E deixar a roupa cheia de pelos depois.
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